Flamengo: Expectativas Frustradas em um Ano de Desempenho Aquém e Decisões Questionáveis
- joaogabrieldantas2009
- 27 de set. de 2024
- 4 min de leitura

Frustração no Flamengo em 2024
O empate sem gols em Montevidéu confirmou, pelo segundo ano consecutivo, uma grande frustração para o Flamengo em sua temporada. Mesmo uma possível conquista da Copa do Brasil, o torneio de menor prestígio no segundo semestre, não mudará a percepção sobre um 2024 que prometia.
Esse sentimento de descontentamento vai além da ausência de títulos na Libertadores e no Campeonato Brasileiro. Com um terço do torneio nacional ainda por jogar, o Flamengo não se mostra como um candidato realista. Na Libertadores, um elenco que gerava altas expectativas teve um desempenho insatisfatório na maior parte da competição.
Reflexão sobre o Ano do Flamengo
Jogos que definem a imagem de um ano não podem ser analisados isoladamente; eles refletem toda a trajetória até aquele ponto. O 0 a 0 no Uruguai simboliza um ano desperdiçado em 90 minutos. Cada detalhe da partida remete aos erros cometidos pelo Flamengo ao longo de 2024.

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Análise do Desempenho do Flamengo
A começar pelo local da partida, a decisão da vaga nas semifinais ocorreu no Uruguai devido à fragilidade da fase de grupos do Flamengo, que foi subestimada em relação à final do Campeonato Estadual. Embora o planejamento tenha gerado dúvidas sobre as prioridades, partidas como a derrota para o Palestino, também na fase inicial da Libertadores, mostraram a dificuldade do Flamengo em manter atuações consistentes, condizentes com o potencial de seus jogadores.
Desempenho em Montevidéu
Em Montevidéu, o Flamengo entrou em campo com um elenco talentoso, mas sua possibilidade de classificação não era considerada provável. A soma de fatores que levou a esse cenário fez com que o time não parecesse favorito diante de um dedicado Peñarol. Isso reflete um ano marcado por poucos momentos em que o Flamengo realmente superou as expectativas em suas atuações. Nesse contexto, as críticas à comissão técnica se mostram justas.
Dificuldades Táticas e Planejamento
As dificuldades do Flamengo contra a retranca do Peñarol revelaram mais traços do ano conturbado. Isso reflete uma divisão de responsabilidades entre a comissão de Tite e a falta de um projeto esportivo sólido, um problema crônico do clube.
Tite posicionou Plata no lado direito, seu setor preferido, enquanto Gérson partia da esquerda. Bruno Henrique não atuava centralizado, mas buscava espaços entre o lateral e o zagueiro do time uruguaio, tentando adaptar seu jogo. Pela esquerda, Gérson e Alex Sandro alternavam posições, e por vezes Bruno Henrique aparecia nessa faixa, enquanto Gérson transitava pelo meio-campo. A estratégia era promover mobilidade, ocupando sempre as zonas do ataque com jogadores em rotação. Arrascaeta tentava ser mais ativo na armação, recuando para buscar o jogo.
No papel, o primeiro tempo apresentava um potencial promissor, mas o time parecia em formação, testando novos mecanismos com jogadores que eram novos ou ainda estavam se firmando no elenco titular. O que se esperaria de um time em fevereiro estava sendo observado em setembro, na partida mais decisiva do ano.
Isso evidencia que Tite não construiu um trabalho consistente ao longo da temporada, mas também expõe erros de planejamento e infortúnios. Desde janeiro, era evidente que o Flamengo enfrentaria perdas significativas devido à Copa América, mas o clube negligenciou essa escassez. Com lesões se acumulando a partir de junho, o setor ofensivo foi severamente afetado, e só na última semana da janela de transferências o Flamengo buscou reforços. Plata e Alex Sandro ainda lutam para ganhar ritmo, e Alcaraz, a contratação mais cara da história do clube, sequer foi utilizado no segundo tempo. Bruno Henrique se esforça para se adaptar a uma função que não é a mais adequada a ele. Com a lesão de Pedro, o Flamengo precisou alterar quase todos os seus mecanismos ofensivos, resultando em um desempenho coletivo insatisfatório.
Impacto da Lesão de Pedro e Desempenho no Jogo
A ausência de Pedro foi um duro golpe para o Flamengo. A bola rondava a área, mas um time projetado para ter um centroavante não conseguia pressionar o adversário. Esse momento evidenciava como o jogo se tornava o desfecho de uma trajetória mal planejada. Quando ficou claro que Gabigol viveria os últimos meses de uma relação agonizante em 2024, o clube buscou Carlinhos, que até então se mostrava uma alternativa insuficiente para as ambições do time; no Uruguai, ele permaneceu no banco durante os 90 minutos. Embora o Flamengo tenha enfrentado um número inédito de perdas a partir do meio do ano, também não ajudou a própria sorte. É justo criticar a comissão técnica por não fazer o time render melhor, mas a tarefa se tornou mais complicada do que se imaginava.
No segundo tempo, o Flamengo piorou. Difícil dizer se a entrada de Gabigol foi uma aposta na mística ou a melhor opção que Tite tinha no banco. No entanto, uma escolha do treinador surpreendeu: ao invés de aproximar Gabigol e Bruno Henrique, este último passou a atuar aberto na esquerda. Com poucos recursos e o tempo se esgotando, o Flamengo acumulou cruzamentos sem que Bruno Henrique, talvez o jogador mais preparado para disputas aéreas, estivesse na área. Para agravar a situação, outro efeito do difícil período pós-Copa América se manifestava: desde o retorno do torneio sul-americano, Arrascaeta e De La Cruz não haviam recuperado a melhor forma, com o segundo jogando especialmente mal.
Reflexão Final sobre o Ano do Flamengo
Para selar o jogo que refletia um ano em 90 minutos, o melhor passe para finalização da equipe veio de Matheus Gonçalves, destacando o tímido aproveitamento de jovens ao longo da temporada.
Ao apitar o fim da partida, parecia que um ano decepcionante chegava ao seu término. Se vencer a Copa do Brasil, isso poderá soar como um prêmio de consolação, mas 2024 será sempre lembrado como mais um ano em que o Flamengo criou mais expectativas do que conseguiu mostrar em campo.
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